quinta-feira, 29 de outubro de 2009


rua minha


Flutuei a luz da lua

Na velha rua do meu caminhar

Nas noites frias o vento trazia

As vozes e risadas da boemia

Tantas vezes minhas asas pesaram na densa neblina que na rua abraçava

Antes do amanhecer

Lembro-me que me protegia sob teus galhos que habitavam


Na rua minha

Rua tua

Ví a vida e a morte

os sonhos e as gaiolas

dos habitantes imigrantes

negros e árabes.


Na rua minha,

rua tua

para todos eram turcos,

que depois do carnaval

olho para minhas asas

vejo uma mistura singular

a imagem reflete nas correntezas incertas do rio

e em teus barrancos aos trancos a cidade crescia.


na rua minha

rua tua

ouvi as primeiras melodias de amor

na luz da lamparina queimei a asas

encontrei a dor.


no mimetismo das diversas máscaras ouvir histórias e glórias

as asas se foram com vento

que perderam – se na memória daqueles que ainda passeiam

na rua minha

rua tua


quando o sol se põe atrás da curva
vem a lua

verás que na rua minha, rua tua

as mariposas ainda estão lá.




Gardenia Rodrigues